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Experiência do ensino em Mainframe na FatecRL - Santos

  

Para iniciar este assunto sobre o ensino do Mainframe, gostaria de voltar um pouco no tempo e fazer um breve relato do primeiro curso da Fatec que foi aberto em Santos, em 1985 onde foi criado o curso de Processamento de Dados (PD), com a finalidade de formar profissionais com conhecimentos em desenvolvimento em linguagem comercial e científica, para operar, dar manutenção e implantar sistemas informatizados.

Com o mercado profissional ainda aquecido em relação à procura de profissionais com conhecimentos em Mainframe, no curso de PD existia uma disciplina com o nome de Linguagem de Programação III, onde se ensinava a linguagem Cobol.

Em 2002 realizamos uma ampliação da Unidade, com a abertura de outros cursos, mas continuamos a oferecer a mesma disciplina de programação em Cobol e outras linguagens entram em foco, como foi o caso do Visual Basic, Delphi e Linguagem C.

No ano de 2010 o curso de PD é reestruturado e sua grade curricular passa a ser Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), assim aparece a disciplina Programação para Mainframe. Em sua ementa, a disciplina apresentava uma abordagem maior no conhecimento ao Mainframe, além da linguagem Cobol, também seria necessário explorar conhecimentos em programação JCL, gerando maior complexidade no ensino de Mainframe.

Nesta época não tínhamos compiladores e um ambiente de desenvolvimento que pudesse oferecer uma visão pratica das atividades e tudo ficava muito na teoria. Aliado a isto, foi um período de muitas dúvidas em relação a continuidade dessa disciplina, com novas linguagem mais atraente, tanto no visual como na oferta de vagas no mercado, os alunos não mostravam muito interesse nas aulas, outras Faculdades não tinham mais essa disciplina e para muitos esse seria um conhecimento ultrapassado.

A Fatec em Santos, com seus coordenadores e muito vontade dos professores que participaram dessa disciplina, entenderam que esse conhecimento seria de grande valor na formação dos profissionais na área de TI.

Contudo, a disciplina Programação Mainframe utilizava o microcomputador para rodar programas em Cobol em compiladores antigos no DOS, usando a tela preta e sem um ambiente gráfico, deixando os alunos muito distante da real importância desse conhecimento, não motivando o interesse na busca de um aperfeiçoamento nesta área profissional.

Mais uma vez a nossa insistência prevaleceu, no final ano de 2014 iniciamos uma parceria com a MicroFocus para a utilização do Visual Cobol com licenças de uso nos laboratórios e para os alunos durante um ano. Com o uso desse recurso o ambiente de desenvolvimento passou a ser gráfico e o Cobol podendo interagir com outras linguagens de programação mais atuais, como Java e Visual Basic.

Os alunos nesta fase, apresentam um envolvimento maior em relação ao desenvolvimento do Cobol, porque agora conseguem entender essa relação com as outras linguagens do curso. Mesmo assim, ainda faltava algo mais, não ficava claro para os alunos o motivo de ter que apreender uma linguagem que poderia ser facilmente substituída por outras, muito mais atraentes visualmente rodando no microcomputador.

Como mostrar um outro ambiente de desenvolvimento que não seja o microcomputador para dar sentido na utilização da Linguagem Cobol? Como explicar o funcionamento desse ambiente Mainframe com o uso de JCL e outros recursos, simulando a execução do programa em um ambiente Windows?

Seria necessário o conhecimento de outras plataformas computacionais, para que faça a diferença na formação e oferecer profissionais ao mercado de trabalho com, pelo menos, o conhecimento básico e experiência em Mainframe para suprir a falta de profissionais nesta área.

A solução para resolver esses problemas, seria fazer parcerias, pois assim podemos percorrer uma via de duas mãos, a academia procura conhecer a evolução do mercado de trabalho para capacitar melhor seus alunos e o mercado depende da formação de bons profissionais para alavancar os negócios.

Foi quando em 2018, após uma palestra da IBM em Santos, deixou uma oportunidade para fazer contato com pessoas que abriram as portas de uma excelente parceria com a IBM, que no meu entendimento, facilitou e enriqueceu muito a disciplina de Programação Mainframe, o acesso e uso de um computador de Grande Porte, possibilitou tudo que parecia ser difícil de acontecer, agora os alunos são capazes de aprender e entender a necessidade do Cobol, navegar em um sistema operacional totalmente diferente do que eles estão acostumados e utilizar a tecnologia que seria impossível sem uma parceria, isso sem contar com o nível motivacional dos alunos, pois agora é possível enxergar a aplicabilidade desse conhecimento e visualizar a utilização de recursos computacionais nesta área de conhecimento.

Com isso, já tivemos alguns frutos desta parceria, como por exemplo, a conquista do concurso Master Mainframe IBM em 2018, pelo aluno da Fatec e agora profissional de Mainframe, Diego de Franco Matos, 12 ganhadores concorreram com 18.000 estudantes de 120 países.

Para o futuro, esperamos ampliar mais a oferta do conhecimento em Mainframe, com cursos de especialização, pós-graduação ou até mesmo aplicar em outras disciplinas que utilizem a linguagem Java para desenvolver trabalhos interdisciplinares utilizando o Cobol no Mainframe.

 

 

Santos,15 de abril de 2021

Prof. Anésio Fernandes Freire